Turziconvida a uma viagem interna, pelos cantos da mente e por muitos do corpo. Com uma espécie de mantra electrónica, pretende que quem o oiça se entregue a delírios introspectivos. O facto é que às vezes, mesmo não dados a tretas esotéricas, quase levitamos ou, quando muito, damos uma volta por sítios inusitados por meio de sons psicadélicos e uma sábia combinação de art rock e krautrock.
"A música, sejamos iniciados nela ou não, deve conseguir dar-nos as mesmas sensações que o uso de drogas (...), é nossa intenção brincar com o ouvinte, criar indisposição e prazer ao mesmo tempo". - um verdadeiro provocador, este franciu.
"A" marca a estreia de Turzi. Curiosamente, - ou não - todos os temas do álbum começam por essa mesma letra. Toca a delirar...
OsSay Hi(anteriormente conhecidos como Say Hi To Your Mom) são um quarteto de Seatle liderado pelo multi-instrumentista Eric Elbogen, que se iniciou neste projecto a solo e chegou a editar três álbuns até à chegada de Nouela Johnston nas teclas, do baixista Westin Glass e de Sam Collins na bateria. O 5º disco,"The Wishes And The Glitch", é editado a 05 de Fevereiro mas, graças às maravilhas da era digital (e seguindo as peugadas das bandas mais in do momento), os Say Hi disponibilizam algumas amostras à borla e a compra antecipada do álbum. Basta ir ao site, carregar no link para o shop e "Wow! Look" - dizem eles -, aparece o pacote, que inclui o disco, uma t-shirt de edição limitada e 3 pins. Operações de marketing à parte, o disco está repleto de bons momentos e merece, definitivamente, uma escutadela.
Afastada a hipótese do concerto ser cancelado por motivos de saúde - a coisa parece que esteve tremida durante os últimos dias - percebeu-se pelo ar cansado de quem se encontra esgotado fisicamente, que a subida ao palco de Josh Rouse na noite de ontem, constituiu um daqueles esforços suplementares etiquetados a vermelho com a frase "the show must go on".
Felizmente, nada disso impediu que o músico fizesse das tripas coração para proporcionar um envolvente concerto, perante uma sala anormalmente cheia e impaciente para assistir à ininterrupta chuva de hits que, durante cerca de hora e meia, fez as delícias de quem se deslocou à "casa da música" de Braga.
Começando de modo algo titubiante com alguns temas do recente "Country Mouse, City House", ligou o piloto automático para retemperar as forças durante "My Love Has Gone", subiu de tom com "Givin' It Up" e a partir de "Holliwood Bass Player" foi ganhando cada vez mais intensidade à medida que foi percorrendo toda a discografia, com especial incidência sobre o incontornável e muito solicitado "1972" - para além do tema homónimo, fez questão de passar pelos inevitáveis "Slaveship" e "Love Vibration", músicas que parecem ter um efeito reanimador, quer no músico, quer no público, que, já no encore com "It's The Nighttime" e "Why Won't You Tell Me What", não resistiu a mandar os lugares marcados às urtigas e ir dançar para a frente do palco.
A acompanhá-lo esteve uma "máquina sonora" muitíssimo bem oleada e cheia de groove, composta por um baixista com pinta de Randy Newman que conduziu os acontecimentos de forma segura e com o ar extremamente bem disposto de quem pagava pare ter o emprego que tem, um baterista sólido e eficiente, que tambem funcionou como segunda voz, e um teclista, desdobrado em guitarrista, que foi colorindo tudo com um toque de classe. Mesmo não tendo atingido o nível a que já nos habituou e atendendo às circunstâncias, não se poderia pedir mais.
Na primeira parte, Frederic Aubele gastou 45 anestesiantes minutos, num concerto que raramente descolou da monotonia, revelando uma incompreensível discrepância relativamente aos - bem mais apetecíveis - discos.
Após alguns dissabores que levaram Carly Smith, o anterior baterista, a abandonar a banda, osPants Yell estão de volta com novo disco, Alison Statton, cujo nome pediram emprestado à lider dos Young Marble Giants - e as baquetes, afinal, acabaram por ser muito bem entregues à menina Casey Keenan. Por entre saxofones e trompetas - uma novidade -, cantam-nos bonitas histórias de amor com sabor à inocência de quem ainda acredita no Pai Natal. Um bom regresso marcado para 4 de Dezembro via SoftAbuse.
Já se sabe que estas coisas valem o que valem, no entanto, alguns dos nomes que encabeçam a (previsivelmente incompleta) lista de nomeações para o Plug Independent Music Awards - que se realiza a 8 de Fevereiro em NY - , puseram-me a abanar a cabeça para trás e para a frente em sinal de concordância. Um especialmente. Vai daí, fui ao site dos moços e cumpri com o meu dever de eleitor...várias vezes.
Álbum do Ano: Arcade Fire - Neon Bible Band Of Horses - Cease To Begin Battles - Mirrored Beirut - The Flying Club Cup El-P - I'll Sleep When You're Dead Justice - ? Of Montreal - Hissing Fauna, Are You The Destroyer? Panda Bear - Person Pitch Radiohead - In Rainbows Sharon Jones & The Dap-Kings - 100 Days, 100 Nights Spoon - Ga Ga Ga Ga Ga The National - Boxer
Canção do Ano: Arcade Fire - Keep The Car Running Battles - Atlas Bright Eyes - Four Winds Grinderman - No Pussy Blues Gui Boratto - Beautiful Life Justice - D.A.N.C.E. Menomena - Wet And Rusting Of Montreal - Suffer For Fashion Panda Bear - Bros Sea Wolf - You're A Wolf Spoon - The Underdog The National - Fake Empire
Os falsos manos não têm dado muito nas vistas desde aquele infame boato. Ainda assim, ao contrário do Ronaldo, até parados continuam a render. Ou pelo menos "Icky Thump" continua. Dia 31 de Dezembro é a vez do 7" de "Conquest" chegar às lojas em formato tricolor. Serão editadas três versões em três cores diferentes (preto, branco e vermelho...claro), sendo que o lado A do single vermelho é uma versão acústica em estilo...mariachi.
Quanto aos lados B, são colaborações recentemente gravadas com Beck, a saber: "It's My Fault for Being Famous" (vinil preto) "Honey, We Can't Afford to Look This Cheap" (vinil branco) Cash Grab Complications on the Matter" (vinil vermelho)
Para fomentar ainda mais o coleccionismo, e porque o novo vídeo tem como temática a Tourada, os singles incluem cromos da Mondo Toro retratando três matadores: El Sloth, El Blanca Rosa e El Perdedor. White Stripes - Conquestvia anyone‘s guess
1. Susumu Yokota - For The Other Self Who is Far Away That I Can not Reach 2. Emily Haines & The Soft Skeleton - Our hell 3. Josh Ritter- Mind's Eye 4. The Lovekevins - Anorak And Other Complicated Words Beginning With An A 5. The New Caledonia- Zoot Suit Pseudo 6. Stateless - Prism # 1 7. The Seedy Seeds - Earned Average Dance America 8. No Age - My Life's Alright Without You 9. The Honeydrips - Love Will Tear Us Apart 10. Annemarie - Apple (Suicide On Your Stereo Set) 11. Earlimart - Fakey Fake 12. Poni Hoax - She's On The Radio 13. Felix Da Housecat - Like Something For Porno 14. Uffie - Pop The Glock 15. Justice - New Jack 16. Michael Fakesch - Soda
Os The Setting Suns é o projecto musical que nasceu numa jantarada entre Sam Fogarino dos Interpol e Adam Franklin dos Swervedriver e Toshack Highway.
"I've been a Swervedriver fan from the start, still am. I would have killed just to bang a can for Adam Franklin. now, he makes sense of my melodies, and turns our ideas into a beautiful din. I feel lucky and alive.... and a bit sick from my own sap" - Fogarino dixit.
Quanto a mim, qualquer nova oportunidade de apreciar a arte da baquete de Fogarino é sempre bem-vinda. NoMySpace da dupla já se podem escutar dois temas bem orelhudos - "Don't Go To Dream State" e " The Way Love Used To Be". Ambos farão parte de EP de estreia que, para já, ainda não encontrou editora que lhe dê o suporte físico (por enquanto, valemo-nos via iTunes).
Tracklisting:
‘Cold War Kids’ ‘Yesterday’s Flowers’ ‘The Way Love Used to be’ ‘Don’t go to Dream State’ ‘Cold War Kids (Get Claudius)’ ‘Cold War Kids (Cole Porter Kids)’
Jesse Harris, mesmo não sendo nenhum Ryan Adams, tem feito uns disquitos de americana com salpicos de jazz, que não são nada de deitar fora. A opinião, pelos vistos, também é partilhada por Ethan Hawke - actor anteriormente conhecido por Mr. Thurman -, que incumbiu o moço de criar a banda sonora para "The Hottest State", filme que realizou recentemente e que, não por acaso, até é baseado num livro seu. Jesse compôs todas as músicas do filme, sendo algumas cantadas por ele e outras por artistas convidados, nomeadamente: The Black Keys, Bright Eyes, Cat Power, M. Ward, Emmylou Harris, e...(era aqui que eu queria chegar).... Feist! Depois de tantos anos conservada como um segredo bem guardado, é um bocado estranho vê-la, de um momento para o outro, a aparecer por tudo quanto é sítio. Mas que continua irresistível, disso não há a menor dúvida...
Feist - Somewhere Down the Road Bright Eyes - Big Old House Cat Power - It's Alright to Fail M.Ward - Crooked Lines Download zip
Pelo filme, não ponho as mãos no fogo. É ver para crer. Quanto à banda sonora, ponho as mãos, os pés e o que for preciso! O velho rezinga deve estar orgulhoso e com a lágrima no canto do olho. Eu, sinceramente, nem sei por onde pegar...
Karen O & The Million Dollar Bashers - Highway 61 Revisited Iron & Wine & Calexico - Dark Eyes The Black Keys - The Wicked Messenger Charlotte Gainsbourg & Calexico - Just Like A Woman Sufjan Stevens - Ring Them Bells
"The Tellers are the best thing to come out of Belgium since chocolate, and everyone loves chocolate!" - Duckie Music
Reconhecem aquela estranha sensação de gratificação instantânea que temos ao ouvir pela primeira vez o som de algumas bandas, misturada com o receio de saturação a curto prazo devido à facilidade com que determinada música se instala confortavelmente nos nossos ouvidos, e faz zapping ao nosso estado de espírito?
Pois estes miúdos de Bruxelas (não confundir com os pouco audíveis Tellers escoceses) elaboraram uma fórmula irresistível que contém referências a Libertines, Kooks, Strokes, Arctic Monkeys, Violent Femmes e ...Carla Bruni(?), tudo em partes desiguais mas na proporção exacta para, pelo menos durante os próximos dias, serem a nossa nova banda favorita. Altamente recomendável.
Em boa hora se juntaram os Pale Young Gentlemenalgures no verão de 2005. Ao trio, inicialmente formado pelos irmãos Mike e Matt Reisenauer (piano e percursão) e pelo guitarrista Brett Randall, juntou-se mais tarde o baixo de Andrew Brawner e a subtileza do violoncelo de Elizabeth Weamer. O auto-intitulado álbum de estreia, editado pelos próprios PYG, constitui, quanto a mim, uma das mais prazenteiras revelações do ano. Com um som dividido entre um teatral indie rock e a folk mais antiguinha, os PYG atrevem-se a primar pela diferença - normalmente é o piano que indica o caminho a guitarras que apenas se atrevem a uma espreitadela, enquanto o violoncelo vai embelezando a paisagem por onde se passeia a voz de Mike Reisenauer. Perfeito!
Plastic Operator - Different Places Mal apareceu em cena, o improvável duo composto por um elemento originário de Antuérpia e outro de Montreal, levou logo com o carimbo "New Postal Service" na testa, o qual, não sendo completamente descabido, é um pouco redutor. Há algo mais aqui a pairar... Lembram um inspirado cruzamento entre os primeiros passitos electro-pop dos velhinhos New Music (alguém se lembra?) e a cool nerdiness dos Hot Chip. Um belo naco de electro-pop heaven, tão melancólico como revigorante.
Plastic Operator - "Folder" (directed by Pete Circuitt)
Plastic Operator - The Pleasure Is Mine Plastic Operator - Peppermint Plastic Operator - Folder Download zip
Agora peguem no cruzamento acima referido, untem-no com uma camada bem oleosa de Giorgio Moroder e atirem-no para a pista de dança mais próxima a ver o que acontece... Se não ficar tudo doido em menos de dez segundos, eu como o meu chapéu.
Dois anos após ter estado no pequeno café concerto da Casa Das Artes de Famalicão para um concerto informal e intimista em que tudo pareceu bater certo - incluindo o fogo de artifício que no final do espectáculo adornou o jardim - Nina Nastasia voltou ao local do crime, desta vez com direito a upgrade para o grande auditório. Sozinha em palco, colhendo das guitarras o som cristalino que envolve uma voz poderosa e melancólica, foi o antídoto perfeito para o frio que se fazia sentir lá fora, proporcionando momentos capazes de transformar um auditório semi-vazio numa aconchegante sala de estar, onde se perdeu totalmente a noção de tempo e de espaço. Bem disposta e dialogante, iniciou o concerto com "Late Night", "How Will You Love Me", "I've Been Out Walking" e "I Write Down Lists", todas retiradas do álbum que dominou a maior parte do alinhamento, o último e excelente "You Follow Me" - resultado da frutuosa colaboração com Jim White. Como não podia deixar de ser, revisitou o incontornável "Dogs", com a belíssima "Stormy Weather" a prolongar o estado de encantamento causado por "In The Evening", não deixando de fora temas como"Smiley" ou "Roadkill". Depois do regresso a "You Follow Me", houve ainda tempo para recuar até "Run to Ruin" do qual interpretou "Regrets", e, já no encore lamentando ter de recusar o pedido de "In The Graveyard" - argumentando que a solo soaria uma desgraça - terminou o concerto em beleza com"Beautiful Day" e "Our discussion (the matter of)". Pelo meio, esbanjou simpatia e bom humor num contraste perfeito com a carga emocional por vezes sombria e exasperada, transmitida pela música. Mais uma vez, fascinante. "Roadkill"
O novo single daquela máquina que dá pelo nome de Caribou, anda à roda a 26 de Novembro. Retirado do aclamado "Andorra", faz as honras merecidas ao tema "She's The One", aqui com a participação de Jeremy Greenspan dos Junior Boys. Kelley Polar e os Hot Chip também dão uma mãozinha nas remixes.
1. She's the One 2.She's the One- Hot Chip remix (via hotlinkfiles.com) 3. She's the One - Kelley Polar's Hughes Wilson Prom Night In
Aviso Esta hilariante e adictiva série de televisão - para já circunscrita ao Channel 4 -, contém linguagem e cenas susceptíveis de espicaçar a sensiblilidade do espectador, nomeadamente o uso desbragado de drogas e cenas de sexo à maluca. A banda sonora, no entanto, é inofensiva e recomenda-se.
Shuggie Otis - Ah Uh Mi Hed Tricky - Hell Around The Corner DJ Shadow - Mongrel... Meets His Maker The Earlies - Kelly Brown Yeah Yeah Yeahs - Date With The Night Gossip - Standing In The Way Of Control (Soulwax Mix)
Why?, o quarteto da Anticon que tem contribuído de forma notável para a boa reputação que a weird-pop vem obtendo ultimamente, prepara-se para lançar um novo EP em duas diferentes versões - uma para a América, outra para a Europa. Para além do épico tema título que antecipa o novo "Alopecia" (a editar em 2008), cada continente teve direito a três temas exclusivos, que vão desde remisturas do trabalho anterior a outtakes do novo álbum. Atendendo à rodagem que o último "Elephant Eyelash" teve por estes lados, a expectativa é enorme...
Há por aí música que não se contenta em ser apenas uma propagação de sons. Há casos raros em que quase podemos sentir-lhe o cheiro, ver-lhe a cor... Mas é preciso perícia, conhecimento de causa. É preciso conhecer a arte. Estes oito de Washington sabem-na toda.
Dust Galaxy é o nome sob o qual Rob Garza, dos Thievery Corporation, acaba de lançar o seu primeiro trabalho a solo, sendo igualmente o título desse trabalho. Embora mantendo alguns pontos de contacto com o som - já algo estafado - praticado pelos Thievery, nomeadamente no exercício dub de "Sons Of Washington" ou na aproximação à música indiana de "River Of Ever Changing Forms", este é essencialmente um disco rock, no qual Garza pretendeu expressar-se de forma mais orgánica, como músico e escritor de canções (palavras do próprio). Conforme se pode verificar pelo single "Mother Of Illusion", a sonoridade pretendida por Garza aproxima-se do rock psicadélico dos Primal Scream, contando com a colaboração de alguns dos seus elementos, tendo ainda ido buscar auxílio aos Cornershop e aos Brazilian Girls. O resultado é uma interessante amálgama de estilos que, não abrindo novas portas, também não envergonha ninguém e vai certamente servir de matéria prima para óptimas remisturas.
Sun In Your Head Mother Of Illusion River Of Ever Changing Forms Sons Of Washington
Mais uma encomenda... o vinil 12", "Flux" dosBlocParty, com edição limitada a 2000 cópias e a remix de Burial (cujo excelente "Untrue" cresce a cada escutadela) no lado B2, do tema "Where is Home".
A pop sueca continua a catapultar talentos a uma velocidade impressionante. O mais recente chama-se The State of Samuel, tem já um curto currículo editorial, mas é com o novo "Here Come The Floods" que está a ganhar alguma visibilidade. Como vem sendo hábito para aqueles lados, contém canções bem estruturadas e amplamente trauteáveis, neste caso devedoras da herança deixada pelos "jinglejanglin" The Byrds. Bastante recomendável.
The Residents of Gloom Always Under The Gun Here Come The Floods Square Roots
Este quinteto do UK é apontado como a "next big thing". Perfeccionistas e autocríticos q.b., os Foals não alucinaram com o sucesso obtido nas apresentações ao vivo ao ponto de quererem vender o peixe do dia anterior - levam as coisas com calma e apenas editam músicas que se lhes afigurem como magistrais (talvez aqui resida a explicação de terem gravado apenas 6 temas em 2 anos...). Os "anti-pop pop" Foals apresentam novo single a 10 de Dezembro, um estouro chamado "Balloons". O 7" e o cd incluem novos lados B - "Brazil Is Here!" e "Dearth". Por sua vez, o vinil de 12", de edição limitada a 2000 cópias, apresenta uma versão de "Balloons" produzida por Kieran Hebden dos Four Tet. É encomendar antes que esgote. *
Interpol Esperava-se algo mais dos Interpol na sua segunda passagem por terras lusas em menos de quatro meses. No fim de contas, estavam criadas todas as condições para isso - casa cheia e uma multidão manifestamente em pulgas para ver o tão esperado concerto em nome próprio. Os nova-iorquinos, mais uma vez, deixaram que fosse a música a falar mais alto, num propositado balanço entre retenção emocional e a interpretação de temas geniais, de forma incisiva e sem grandes desvios em relação às gravações de estúdio – toda e qualquer expansividade foi eliminada, à excepção do constante troca-passo de David Kessler. Pronto, toda a gente sabe que a pose reservada é já uma imagem de marca dos Interpol, que a energia colectiva da banda se circunscreve à exímia execução instrumental dos seus membros - é impossível negar o virtuosismo de Sam Fogarino na bateria, o pulsar insinuante do baixo de Carlos D., as guitarras em meticulosa sintonia de Kessler e Banks, tudo encaixa na perfeição – mas, não conseguimos evitar pensar que, se atitude em palco não fosse “quase fria de tão cool”, estas músicas que roçam a perfeição, poderiam ganhar vida nova para lá do espartilho dos discos. O alinhamento não deixou ninguém descontente, os três álbuns da banda foram interpolados em partes iguais perante um público audivelmente conhecedor de toda a discografia, e que pareceu escolher como pontos altos os temas mais antigos como "Evil", "Slow Hands", "C'mere" (yes!), " Obstacle 1" e, claro, “Stella Was A Diver…”, embora se tenha confirmado plenamente, que o novo “Our Love To Admire” contém temas dignos de figurar entre os clássicos da banda – “No I In Threesome” e “Rest My Chemistry” são bons exemplos disso. Foi uma espécie de concerto tântrico, repleto de bons momentos, mas o climax, esse parece que fica para a próxima...
"Narc"
"No I In Threesome"
"Not Even Jail"
"Slow Hands"
"Heinrich Maneuver"
Blonde Redhead Grande expectativa em relação aos irmãos Pace e à voz luxuriante de Kazu Makimo ao vivo. Donos de um dos melhores discos do ano, "23", que revelou um visível amadurecimento e segurança musicais em relação a "Misery Is A Butterfly" de 2004, os Blonde Redhead causaram óptima impressão num público “emprestado”, que foi generoso no apreço que raramente demonstra às bandas suporte. Os apelativos temas, repletos de momentos melancólicos sabiamente entrecortados por uma guitarra e bateria com tudo no sítio, não tiveram o merecido destaque nesta curta apresentação ao vivo. A rever urgentemente.
Quando a meio do concerto, Rufus Wainwright dispara uma das suas habituais tiradas, recordando uma noite de embriaguês em palco, na qual lhe ocorreu que poderia muito bem ser ele (porque não?) o novo Mozart, deve ter deixado algumas pessoas a matutar no assunto. A coisa - exageros à parte - até tem algumas pontas por onde se lhe pegue: a irreverência, a extravagante jovialidade, a originalidade e genialidade (salvaguardando as devidas proporções), são características comuns a ambos. A grande diferença, é que Rufus ainda respira, pode ser apreciado ao vivo e está no seu auge, conforme se pôde comprovar nas suas cinco visitas ao nosso país e nos cinco magníficos álbuns editados até à data. Todos os concertos foram, no mínimo, avassaladores. E quase todos deixaram a pairar a sensação de que o colorido canadiano, tinha ali atingido o pico, o Everest das performances ao vivo. Os sortudos que tenham presenciado qualquer um dos espectáculos, podem afirmar-se como orgulhosos proprietários de uma experiência única e inesquecível - se alguém sabe construir e "dar" um espectáculo que ultrapassa, em muito, a mera interpretação de canções ao vivo, esse alguém é Rufus. O portentoso talento enquanto letrista, compositor e performer, mais uma vez, voltou a surpreender e deu (senão o melhor), pelo menos um dos melhores concertos do ano. Apresentando-se em palco vestido para impressionar, com um glamoroso fato às riscas que parecia saído de um musical de Gene Kelly em versão (ainda mais) gay, e com uma encenação a condizer - as estrelas foram definitivamente libertadas, a começar pelas da enorme bandeira americana que servia de cenário (farto dos US é dizer pouco...), para serem substituídas por réplicas dos mais comuns alfinetes de peito, aka broches, a fazer pendant com os que adornavam os fatos da banda - exímios músicos, nos quais se incluía o aniversariante Matt Johnson, ex baterista de Jeff Buckley, que há muito acompanha Rufus nestas andanças. O concerto que incidiu principalmente no novo "Release the Stars", tocado quase na íntegra e com arranjos menos over the top, acabou inevitavelmente por percorrer todos os álbuns anteriores ("Art Teacher" foi de uma intensidade fulminante) , incluindo ainda alguns clássicos americanos popularizados por Judy Garland, que fizeram parte do tributo que o músico fez ao mítico show da actriz no Carneggie Hall - "A Foggy Day" e "If Love Were All" afiguraram-se predestinadas à performance Wainwright. Um não muito breve interlúdio (as estrelas têm destas coisas), serviu para um regresso em look tirolês (lederhosen e meias até ao joelho), com a passagem prometida por "Between My Legs" e a colaboração da sua elogiadíssima prof. de yoga (à falta de voluntários que atacassem as spoken words). O público, desde o início absolutamente rendido, teve ainda oportunidade de confirmar todo o poder e potência vocais de Rufus sem microfone, no tema "Macushla" de raízes irlandesas e inspirado na interpretação do tenor John McCormack - impressionante, no mínimo. O encore, servido em roupão, começou com "I Don‘t Know What It Is" (absolutamente apoteótico), seguindo-se uma chamada ao palco da Mommy, a folk lady Kate MacGarrigle, que o acompanhou ao piano numa rara interpretação de "Barcelona" e em "Somewhere over the Rainbow" com gostinho de regresso à infância (por instantes pareceu-nos ter invadido a sala de estar dos Wainwright). Seguiu-se nova viagem à Judy (Gar)Land: Rufus, sentado no centro do palco, pôs os brincos, o baton vermelho, calçou os sapatos de salto alto e o roupão deu lugar a um casaco de smoking, chapéu de côco e collants pretos a revelar um belo par de pernas. A banda juntou-se à festa, numa desconcertante tentativa de recriar a coreografia original do tema "Get Happy" do musical "Summer Stock". O resultado? Só caras felizes a despedir-se do "Gay Messiah", pontuadas com algumas espressões de incredibilidade e uma manisfesta vontade de rever tudo de novo. Now, that‘s entertainment!
The Marzipan Man, é o fantasioso alter ego sob o qual o guitarrista dos Satellites, o espanhol Jordi Herrera, gravou o seu primeiro álbum a solo para a editora Primeros Pasitos. O disco foi inteiramente tocado, produzido e misturado pelo próprio no estúdio do produtor dos Strokes, em Londres (onde o músico actualmente vive), e contém meia dúzia de canções pop bem buriladas - que dariam um excelente EP - à qual se segue outra meia dúzia, mais ambiental e exprimentalista, mas também menos inspirada. O álbum exala aquele charme muito próprio de uma obra algo artesanal e inocente, que lhe confere uma doçura cativante, reforçada pela temática fabulística das canções.
Take This Wind As An Advice Sometimes Merry Prayer Buddy The Cat Download zip
Jordi esteve no domingo passado na Jo Jo‘s para um divertido showcase, juntamente com Damon & Naomi, antes de seguirem para o concerto no Mercedes (o qual, contrariamente à prestação da tarde, acabou por se revelar um tanto ou quanto entediante).
O novo dos Grizzly Bear, não sendo propriamente um disco de originais, é um disco original. O EP de onze temas, agrupa reinterpretações (por vezes bastante radicais) de músicas incluídas em "Yellow House" e "Horn of Plenty", algumas coisas novas, versões, e participações especiais dos amigos mais chegados, como os Band of Horses, Beirut, Atlas Sound ou as CSS. Uma data de pontas soltas que acabam por constituir um trabalho bastante coeso e apetecível. Quem disse que restos não são um bom alimento?
Alligator (Choir Version) Knife (covered by CSS) Knife (covered by Atlas Sound) Deep Blue Sea (Daniel Rossen home recording)
Ed Harcourt é um nome indispensável em qualquer colecção de discos que se preze. Se por acaso ainda houver alguém que não lhe tenha prestado a devida atenção, esta é a oportunidade ideal para remediar o caso, e entrar pela porta grande no universo de um dos melhores cantautores da actualidade. É que sai este mês um CD duplo, que reúne o melhor (tarefa difícil, com resultados discutíveis) dos seus cinco álbums de estúdio até à data, mais dois temas nunca editados, um dos quais ("You Put A Spell On Me") acaba de sair em single (7") com tema extra ("Sunday") no lado B. Aqui fica uma amostra (e como bónus, a versão de "Atlantic City" que saiu numa Uncut com covers de Springsteen):
All Your Days Will Be Blessed Born In The 70's Visit From The Dead Dog You Put A Spell On Me Atlantic City
Os Radiohead colocaram ontem esta posta no seu blog:
" helo... there will be something on the box tonight, its another test but right now we are entangled in cables however, weather permitting our technical experts will resolve the entanglement, it will be broadcast as a quicktime h.264 stream. If youve got a mac you'll already probably have quicktime player, if youve got a pc and it doesnt work, you might need to download the installer (click here to download and install) then click on to www2.radiohead.tv. If you would like to view the webcast in the luxury of your own media player (such as VLC, quicktime or realplayer), then copy and paste this address: rtsp://89.167.182.32:80/entanglement2.sdp".
Stanley
Já estou farta de clicar mas não se passa nada... só um boneco armado em Dj. Andem lá com a cena que já está a ficar tardito!
Update @ 5 AM - Finalmente! Já está a dar e é imperdível, garanto-vos.
Jimi Tenor & Kabu Kabu Jimi Tenor, o excêntrico finlandês mutante, mesmo tendo tido algum azar na sua segunda investida ao Porto, não se deixou abater por uma sala 2 desoladoramente vazia, dando um concerto empolgante. Veio apresentar o interessantíssimo "Joystone", lançado este ano, fazendo-se acompanhar por uma banda que inclui o trio africano Kabu Kabu (ex colaboradores de Fela Kuti), oferecendo-nos uma dose massiva de afro-beat e jazz-funk personalizado, com influências de Sun Ra, Antibalas, Pharoah Sanders, e, claro está, Fela kuti. Mesmo não sendo nada de novo, é de ouvir e chorar por mais.
James Chance & Les Contorsions O diabólico e já entradote James Chance (mais um a tocar para as moscas), para além de partilhar com Jimi Tenor a escolha de instrumentos (sax e teclas), é também um grandessíssimo cromo, embora no caso dele, pareça ser uma ocupação a tempo inteiro. Imparável, alternou a sua possuída e admirável perícia instrumental com um estilo vocal que, já tendo visto melhores dias, lembra um James Brown (de quem tocou "King Heroin") em versão rockabilly, com direito a uns passitos de dança algo decadentes que não destoariam num filme de David Lynch. Uma experiência sonora feita de free-jazz, punk-jazz revestido de R&B em alta velocidade, que teve os seus altos e baixos.
Entretanto, em total contraste com o que se passava em cima, toda a zona dos bares, na parte de baixo da CDM, estava já repleta de gente que, em clima de festa rija, assistia à fantástica prestação do alemão Justus Köhnke. A multidão que rodeava o homem da Kompakt, acabou por incluir as duas bandas acima citadas, muito ao jeito de um final feliz hollywoodesco.