13.11.07
Interpol + Blonde Redhead - Coliseu dos Recreios 07/11/07
Interpol
Esperava-se algo mais dos Interpol na sua segunda passagem por terras lusas em menos de quatro meses. No fim de contas, estavam criadas todas as condições para isso - casa cheia e uma multidão manifestamente em pulgas para ver o tão esperado concerto em nome próprio.
Os nova-iorquinos, mais uma vez, deixaram que fosse a música a falar mais alto, num propositado balanço entre retenção emocional e a interpretação de temas geniais, de forma incisiva e sem grandes desvios em relação às gravações de estúdio – toda e qualquer expansividade foi eliminada, à excepção do constante troca-passo de David Kessler.
Pronto, toda a gente sabe que a pose reservada é já uma imagem de marca dos Interpol, que a energia colectiva da banda se circunscreve à exímia execução instrumental dos seus membros - é impossível negar o virtuosismo de Sam Fogarino na bateria, o pulsar insinuante do baixo de Carlos D., as guitarras em meticulosa sintonia de Kessler e Banks, tudo encaixa na perfeição – mas, não conseguimos evitar pensar que, se atitude em palco não fosse “quase fria de tão cool”, estas músicas que roçam a perfeição, poderiam ganhar vida nova para lá do espartilho dos discos.
O alinhamento não deixou ninguém descontente, os três álbuns da banda foram interpolados em partes iguais perante um público audivelmente conhecedor de toda a discografia, e que pareceu escolher como pontos altos os temas mais antigos como "Evil", "Slow Hands", "C'mere" (yes!), " Obstacle 1" e, claro, “Stella Was A Diver…”, embora se tenha confirmado plenamente, que o novo “Our Love To Admire” contém temas dignos de figurar entre os clássicos da banda – “No I In Threesome” e “Rest My Chemistry” são bons exemplos disso.
Foi uma espécie de concerto tântrico, repleto de bons momentos, mas o climax, esse parece que fica para a próxima...
"Narc"
"No I In Threesome"
"Not Even Jail"
"Slow Hands"
"Heinrich Maneuver"
Blonde Redhead
Grande expectativa em relação aos irmãos Pace e à voz luxuriante de Kazu Makimo ao vivo.
Donos de um dos melhores discos do ano, "23", que revelou um visível amadurecimento e segurança musicais em relação a "Misery Is A Butterfly" de 2004, os Blonde Redhead causaram óptima impressão num público “emprestado”, que foi generoso no apreço que raramente demonstra às bandas suporte.
Os apelativos temas, repletos de momentos melancólicos sabiamente entrecortados por uma guitarra e bateria com tudo no sítio, não tiveram o merecido destaque nesta curta apresentação ao vivo. A rever urgentemente.
"23"
(Z&C)
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