6.11.07

Jimi Tenor & Kabu Kabu + James Chance + Justus Köhnke - Trama/Clubbing, CDM, Porto, 03-11-07

Jimi Tenor & Kabu Kabu
Jimi Tenor, o excêntrico finlandês mutante, mesmo tendo tido algum azar na sua segunda investida ao Porto, não se deixou abater por uma sala 2 desoladoramente vazia, dando um concerto empolgante.
Veio apresentar o interessantíssimo "Joystone", lançado este ano, fazendo-se acompanhar por uma banda que inclui o trio africano Kabu Kabu (ex colaboradores de Fela Kuti), oferecendo-nos uma dose massiva de afro-beat e jazz-funk personalizado, com influências de Sun Ra, Antibalas, Pharoah Sanders, e, claro está, Fela kuti.
Mesmo não sendo nada de novo, é de ouvir e chorar por mais.



James Chance & Les Contorsions
O diabólico e já entradote James Chance (mais um a tocar para as moscas), para além de partilhar com Jimi Tenor a escolha de instrumentos (sax e teclas), é também um grandessíssimo cromo, embora no caso dele, pareça ser uma ocupação a tempo inteiro.
Imparável, alternou a sua possuída e admirável perícia instrumental com um estilo vocal que, já tendo visto melhores dias, lembra um James Brown (de quem tocou "King Heroin") em versão rockabilly, com direito a uns passitos de dança algo decadentes que não destoariam num filme de David Lynch.
Uma experiência sonora feita de free-jazz, punk-jazz revestido de R&B em alta velocidade, que teve os seus altos e baixos.


Entretanto, em total contraste com o que se passava em cima, toda a zona dos bares, na parte de baixo da CDM, estava já repleta de gente que, em clima de festa rija, assistia à fantástica prestação do alemão Justus Köhnke. A multidão que rodeava o homem da Kompakt, acabou por incluir as duas bandas acima citadas, muito ao jeito de um final feliz hollywoodesco.


(Z)

4 comentários:

Shumway disse...

Felizmente a CDM ainda organiza concertos com visionarios deste calibre.

Hug The DJ disse...

O Jimi Tenor no Hard Club, há uns anos atrás, também foi um concertaço, mas este foi ainda melhor. Pena a falta de público...

Anónimo disse...

estás muito enganado ou não deves conhecer muito de James Chance, e apesar da idade, a prestação foi muito boa, ele é uma das poucas lendas vivas de uma das melhores epocas e mais productivas de Nova York.
A escuta ddo som de james Chance não é facil e imediata, mas muito rica.
è uma figura única que soube criar um estilo próprio, assente em funk, free jazz e atitude punk.

isso é dificil ou cada vez mais raro, par a próxima estuda melhor e não julgues pelo imediato.

boa sorte e melhores criticas,...

Hug The DJ disse...

Caro anónimo
Obrigado pelas pérolas de sabedoria Wikipédica. Mas como deveria saber, os concertos não são actividades museológicas itinerantes, integradas num determinado contexto histórico, são actos isolados, efémeros e imediatos, só podendo ser apreciados pelo momento em que acontecem e pela relevância actual do artista nesse momento. Reflexivamente, o concerto em causa teve altos e baixos. Só isso.

Quanto ao contributo de James Chance para a música, ele é inegável, mesmo não tendo descoberto a pólvora. A fusão de free-jazz, rock e funk, explodiu verdadeiramente com os seminais "On The Corner" e "Bitches Brew" de Miles Davis e, até aos dias de hoje, nunca deixou de produzir efeitos, sub-géneros e derivações, que vão do James Chance de há trinta anos, à frescura trazida actualmente por Medeski Martin & Wood, Skalpel ou Jaga Jazzist, entre tantos outros igualmente aconselháveis. Não estamos propriamente a falar de algo "raro", "único", ou, muito menos, de difícil audição....

Volte sempre.