Está quase a estoirar por aí o novo mini-álbum de Kieran Hebden, aka Four Tet- o músico/Dj/produtor que se iniciou nestas andanças ainda teenager e que ao longo dos anos se tornou um ponto de referência incontornável no mapa da electrónica mais criativa e inconformista. São 32 minutos, preenchidos por 4 grandiosos temas. Aí vão 2 tão somente... (a culpa é da Sr.ª ria)
Quem sabe, sabe... E Kieran sabe, como ninguém, transformar o que originalmente já era uma belíssima pedra, num diamante meticulosamente lapidado. Eis alguns bons exemplos do toque de génio:
Andrew Bird - "Imitosis" (via all-things-go.net) Sia - "Breathe Me" (via all-things-go.net) Lars Horntveth - "Tics" (via goodvibrato.org) Battles - "Tonto" (via hotbiscuits.wordpress.com) Nathan Fake - "You Are Here" (via kissatlanta.com) Matthew Dear - Deserter (via therealkylestewart.com)
Não, não foi tão bom como aquela mítica noite de hipnotismo em massa na Zambujeira, mas, ainda assim, superou todas as expectativas. Após dez anos, é bom tê-los de volta e em boa forma. A culpa, é em grande parte do novo "Third", herdeiro legítimo de "Dummy" e do álbum homónimo, um herdeiro ainda pequeno para o qual começamos por olhar com alguma desconfiança, mas que vai crescendo de forma acelerada, decidido a ocupar a medalha de bronze na trilogia perfeita. O primeiro concerto de uma tournée tão mediática como esta, é sempre um pau de dois bicos, quer para a banda quer para o público, e a inquietação de poder dizer -"Eu estive lá!", é muitas vezes seguida por um amaldiçoado -"Infelizmente... ". Não foi o caso. Aos primeiros sounds of "Silence", tema que abre o novo disco (e, como seria de prever, o concerto) com o bem esgalhado "Esteja alerta para a regra dos três", toda a tensão que pairava na sala se diluiu numa prazenteira sensação de familariedade de quem reencontra velhos amigos. Mantendo o alinhamento de "Third", seguiu-se "Hunter" o mais vintage dos novos temas, e aquele que melhor faz a ligação directa ao passado, preparando acertivamente o terreno para "Mysterons" e a respectiva reacção de histerismo colectivo, tudo enquadrado num sóbrio cenário em formato panorâmico, tripartido com imagens trabalhadas in loco, sob umdiscreto jogo de luzes. A partir daí estava dado o mote, doseando na medida exacta a descoberta do novo, com o conforto do "velho". Assim se seguiram o Kraftverkiano "The Rip", os catárticos "Glory Box" e "Numb" (que ultrapassou incólume o feedbeck inicial), "Magic Doors", "Wandering Star" (numa espectacular versão ainda mais intimista) e o single de batida militarista "Machine Gun", com nova aproximação ao kraut-rock. À medida que se aproximava o indesejado final, tivemos direito a uma aposta tripla - ganha à partida - pouco própria para cardíacos : "Over", "Sour Times" e "Only You", logo seguidas de "Nylon Smile" (com o paradoxal carimbo de "novo clássico") e "Cowboys". Foi a altura da despedida e o retorno da praxe, com o menos conseguido dos novos temas, "Threads" (embora aquela guitarra no final seja viciante), num contraste que fez brilhar ainda mais "Roads", o momento mais planante do concerto e o que mais próximo esteve daquela afamada noite de 98. O remate final foi dado com "We Carry On", que serviu gloriosamente de descompressor na aterragem. Por esta altura, já Beth tomava um banho de multidão. Por pouco não emergia.
O trintaeum faz treze anos, o que em termos de bares pode ser equiparado à longevidade nos cães, ou seja, na proporção de um para sete. A festa, que irá decorrer este fim de semana, tem hoje atrás dos pratos o Rui Trintaeum + Trickski (Sonar Kollectiv, Berlim). Já amanhã, será uma espécie de tudo ao molho e fé em deus sob o título "It‘s A Family Affair" starring: Carlos Coelho, Maria Gambina, Joana Matos Frias, Pedro Tenreiro, Rui Trintaeum e Social Disco Club. Os parabéns impõem-se... e agora está no ir, que se vai fazendo tarde!
Ex-baterista dos saudosos Neutral Milk Hotel, o nómada Jeremy Barnes tem vindo a consolidar uma interessantíssima carreira em colaboração com a violinista Heather Trost, no projectoA Hawk And AHacksaw, contando para isso com a ajuda de outros colaboradores pontuais, como é o caso de Zach Condo (que, para todos os efeitos, deve o seu início de carreira a Barnes e Trost) ou da Fanfare Ciocarlia. A nova visita ao Porto na qualidade de banda suporte dos Portishead, permitiu um merecido concerto em nome próprio que ficará na memória de todos os que se deslocaram ontem ao Passos Manuel. Entre alguns temas novos, ainda sem nome, e outros repescados essencialmente dos dois últimos álbums, esta música do mundo com tiques experimentalistas que cruzam vários estilos musicais (desde a Europa Oriental ao México), contagiou desde o início uma plateia ávida pelos sons de influência balcânica saídos do talento multi-instrumentista de Barnes, que, dividido entre o acordeão e a percussão, formou as bases por onde o violino serpenteante de Heather ia criando coloridas melodias. A acompanhá-los estiveram dois excelentes músicos húngaros (um dos quais estreante e em dia de aniversário), repartidos entre o trompete, clarinete, bandolim e violinos. Após uma acelerada primeira parte, quase sem pausas entre os temas, e com o convite para invadir o palco a não surtir efeito, decidiram eles próprios invadir a plateia após uma pausa para emborcar umas cervejas. Toda a segunda parte do concerto foi servida no bar, no meio de uma pequena multidão incentivadora, criando um ambiente que não deve andar muito longe de uma qualquer tasca (de requinte) do Arzebeijão. No final ainda houve disposição para trocar umas impressões sobre a evolução no som da banda e a tournée com os Portishead.
Fuck Buttons - Bright Tomorrow Get Shakes - Sister Self Doubt Does It Offend You, Yeah? - Battle Royale Goose - Black Gloves The Toxic Avenger - Superheroes 2007 Crystal Castles - Crimewave (Crystal Castles VS Health) Hadouken! - That Boy That Girl Clinic - Free Not Free The Glimmers - Physical Tussle - Second Guessing The Black Keys - Strange Times Grand Ole Party - Belle Isle The Battle Royale - Racecar Robots In Disguise - We're In the Music Biz Shocking Pinks - Emily Friendly Fires - On Board (Nightmoves Mix) Download zip
Foi-se. Um ano e meio de concertos, o equivalente a 180 vídeos e cerca de 270 horas perdidas no seu processamento, tudo para o galheiro. O YouTube decidiu dar-nos com a porta na cara e apagou-nos a conta. Tudo porque a irreverência de David Thomas (Pere Ubu), afinal, parece que é só fachada. É pena. Toca a começar tudo de novo...
Estava marcado no calendário: 7 de Abril anda à roda o "Mountain Battles". Mas, e graças à maravilhosa era download que nos assiste, já veio a montanha a Maomé... E "Mountain Battles", o 4º álbum das Breeders, cala um enorme silêncio de 6 anos e vem confirmar as minhas suspeitas, as manas Deal (& Cª. Lda) ainda estão aí para as curvas! Duas guitarras gémeas ao desafio, a potente bateria de Jose Medeles, o baixo ensandecido de Lopez e a voz crua e inconfundível de Kim dão vida a temas mais tranquilos e menos enérgicos, mas cheios de visceral inspiração. Aí vai uma amostra:
"Bang On" "We're Gonna Rise" "Walk It Off" "No Way" "German Studies" "Mountain Battles"
É o meu vício mais recente, obsessivo como os mais apetecíveis. De tal forma que dei por mim a sacar dos headphones durante algumas (menos boas) sessões do Fantas, só para poder "matar o bichinho". Começa-se a criar algum burburinho em torno desta banda de Seattle, mas há aqui algo que ultrapassa em larga escala o simples rótulo de "sabor do mês". Com o fresquíssimo EP "Sun Giant" ainda a abrir caminho de forma surpreendente, a banda tem já pronto para lançar em Junho o primeiro álbum, "Ragged Wood", o qual já pode ser apreciado nas melhores casas da especialidade (por este andar, qualquer dia os discos começam a "pingar" ainda antes de serem criados...). O resultado é no mínimo brilhante. Complexas e geniais harmonias vocais, herdeiras directas do melhor folk-rock da década de 70, passeiam-se de mão dada com um apurado sentido melódico, sobrepondo géneros e criando um ambiente de folk psicadélico adocicado, que tanto pode evocar o fantasma dos Fleetwood Mac ou Crosby Stills Nash & Young como reencontrar a musa inspiradora de "Pet Sounds". Esta é a verdadeira música do mundo, encarnando o espírito catalizador dos Yeasayer num corpo torneado pelos Animal Colective e os Midlake, sem nunca deixar de soar de forma única e original. Imprescindível. Agora vou para a rua importunar os transeuntes com um iPod e um bloco de notas...
Do EP "Sun Giant" (2008) Mykonos English House
Do álbum "Ragged Wood" (2008) White Winter Hymnal Quiet Houses He Doesn't Know
Cloud Cult, banda de culto? Absolutamente! - a 7ª obra-prima assim o exige... O sexteto do Minnesota habituou-nos a álbuns grandiosos e conceptuais e "Feel Good Ghosts" não foge à regra. Desta vez a sentença é ditada por fantasmas simpáticos, conversas com anjos e pássaros e passeios pelas nuvens. Por vezes, a sensação é a de estar a ler um livro com sons, cheio de uma linguagem colorida, plena de imagens, humor negro e um rol de sentimentos. As orquestrações vivazes e a forma urgente de cantar de Craig Minowa tornam a pop melodramática deste disco em algo de majestoso. Bom, bonito e um bem de primeiríssima necessidade.
"Everybody Here Is A Cloud" "The Tornado Lessons" "When Water Comes To Life" "Journey Of The Featherless" "May Your Hearts Stay Strong" "The Will Of A Volcano"
Adeptos da máxima less is more, estes dinamarqueses oriundos da mesma fornada que nos trouxe os Efterklang acabam de lançar mais um álbum - o segundo - de downtempo folktrónica para dias chuvosos. A beleza está nos detalhes que impulsionam as melodias planantes tipicamente escandinavas, saltitando entre o analógico e o digital com uma boa gestão de espaços. Eles têm um laptop e sabem como usá-lo...
Skyphone - Cloudpanic Skyphone - All Is Wood Skyphone - Dream Tree Lemurs Skyphone - Quetzal Cubicle
Estava a ver que não. Após um bem sucedido punhado de EP‘s, finalmente aparece o tão esperado longa duração dos míudos de Ontario, para provar que não foi tudo fogo de vista. São cerca de trinta excitantes minutos repletos de curtas e fervilhantes descargas de energia disparadas em todas as direcções sem qualquer contemplação, letras que não gravitam à volta dos clichés habituais e melodias sedutoramente familiares. Impulsionado por aquela urgência teen de quem quer abocanhar a vida de uma só vez, tão depressa começa como acaba. Não trazendo propriamente novos mundos ao mundo, consome-se com o deleite dos prazeres imediatos. Isso é bom? Nem imaginam quanto.
Tokyo Police Club - Graves Tokyo Police Club - Tessellate Tokyo Police Club - Your English Is Good
Deadly Avenger - Mal Paso Pt. II Jori Hulkkonen - Forgive Me Father For I Have Synth Blood On The Wall - Lightning Song Portishead - Nylon Smile Gnarls Barkley - She Knows Punch Brothers - Nothing, Then Tapes 'n Tapes - Time Of Songs Jérôme Minière - Trains Cloud Cult - Everybody Here Is A Cloud Fleet Foxes - Mykonos Sambassadeur - Migration The Nothingdoers - Sparkle Memphis - Incredibly Drunk On Whiskey Nick Lowe - I Love the Sound Of Breaking Glass Great Plains - Great Plains Laura Marling - Cross Your Fingers
Carreguei no play. A coisa começou, aconteceu e parou. Voltei a carregar no play... 1, 2, 3 vezes, pelo menos. E a coisa correspondeu, em pleno, à minha ideia de uma tarde muitíssimo bem passada.
P.S. - Se lhes apetecer uma opinião mais concreta e minuciosa sobre este novo álbum dos Atlas Sound, é favor dirigirem-se aqui, aqui ou aqui.
Ghost Story Quarantined Recent Bedroom Cold As Ice River Card Ativan Download Zip Atlas Sound - "River Card"
Há uns tempos atrás, já aqui havia deixado recado da iminente visita destas duas aves raras. Em vez de bolinhos, Meric Long e Logan Krober, trazem volúpia aos tímpanos mais exigentes, em forma de excelso fingerpicking e batidas que deixarão abismado o coração mais arrítmico. Sem rubores de pejo, vão directos ao assunto - e, de resto, têm histórias interessantíssimas para contar - sem nunca cair em velhos clichés ou floreados desnecessários. E são 14, as confidências que partilham, a par da arte sublime com que vão tirando sons da guitarra ou da bateria. Estas, ajudam a adensar a intriga e, as vozes simpáticas permanecem a pairar muito depois das despedidas. Voltem sempre...
"Red And Purple" "Eyelids" "Foals" "Winter" "Park Song"
Não se estreiam nada mal estes quatro puritanosde Southend, UK. "Beat Pyramid" é um autêntico exercício de irreverência, excentricidade e originalidade. James Ford dos Simian Mobile Disco ajudou a arrumar as guitarras frenéticas, as batidas ferozes e as vozes meio distorcidas. Todo um portento. Totalmente à prova de bocejos.
"Numerology (aka Numbers)" "Colours" "En Papier" "Infinity Ytinifni" "Elvis"
Divididos entre o Fantasporto - a decorrer a todo o vapor - e outros projectos pessoais, não sobra tempo para estar aqui com grandes paleios. Ficam os vídeos, com o devido atraso, mas de muito boa vontade...
