O cartaz, embora ecléctico, bem espremido oferece duas a três bandas por dia que vale a pena pagar para ver.
Há muita carolice e um certo amadorismo relaxado na organização, o que é simpático - permite um convívio entre público e bandas que não se vê noutros festivais - mas que não se reflecte nem no preço dos bilhetes, demasiado caros para a oferta, nem na excessiva segurança. O "corpo de intervenção" em constante patrulha pelas instalações com ar de quem está numa favela carioca, atrasou muito a entrada no recinto em revistas mais minuciosas que no JFK, e teimou em plantar cinco bisarmas a todo o comprimento do palco principal (já por si demasiado baixo), tapando quase totalmente a visibilidade de quem está à frente.
A afluência - a meio-pau - caracteriza-se por um ambiente heterogêneo cuja conotação hipster se fica pela quantidade de proto-Chalanas a ostentar orgulhosamente a pilosidade labial (será que os portadores de bigode não pagam bilhete?), e aparentemente quem vai ao Milhões vai para lá estar e não pelas bandas que por lá passam.
Vamos ao que interessa...
El perro Del Mar
Muito pouco à vontade nas novas vestimentas musicais, Sara Assbringer (há que louvar o sentido de humor dos pais) ainda vai ter muito que suar para provar que o novo "Pale Fire" está à altura do álbum homónimo de 2006 ou mesmo do anterior "Love Is Not Pop". A sueca parece estar sempre na corda bamba, entre a fragilidade sedutora e a certidão de óbito criativa e pelo que aqui foi dado a ouvir, talvez tenha esticado demasiado a corda.
Connan Mockasin
Um dos momentos altos do festival. O neozelandês que apanhou o comboio onde viajam os MGMT, Tame Impala ou os senhores do post anterior, parece ter-se agarrado aos comandos da locomotiva, criando um turbilhão psicadélico em forma de LSD auditivo que deixou muita gente tripar durante horas. Ok, estou a exagerar. Mas foi muito bom. Forever Dolphin Love soa ainda melhor ao vivo e a indumentária de época comprada em kings Road é um toque de mestre.
Prinzhorn Dance School
Curto e grosso. É assim o projecto mais rude da DFA, cuja única ambição consiste em reavivar a memória pós-punk dos The Fall e divertir toda a gente no processo. Foram quase sempre eficazes e a coisa até podia ter ido mais além, não fosse a "polícia festivaleira" intervir por excesso de diversão.
Al-Madar (Bassam Saba & NYAO)
Momento "pérolas a porcos" do Milhões. Um oásis ao final da tarde desperdiçado em meia dúzia de gatos pingados (eu incluído). Merecia muito mais. A repetir o quanto antes em condições menos adversas.
Alt-J
Δ
Arrastaram um punhado de almas para o Milhões, conquistaram dezenas. Mesmo com os problemas técnicos que obrigaram a um soundcheck bem maior que o concerto (e a alguns problemas durante o mesmo, faltou por exemplo o sample que caracteriza "Taro"), a pop inteligente e refinada do quarteto inglês só por si valeu o festival com o qual partilham o logo.
O timing não podia ser melhor, "Awesome Wave" - o álbum de estreia e um dos melhores do ano - saiu há pouco tempo, a banda está em absoluto estado de graça, com uma destreza e uma entrega impressionantes e, como dizia a outra, "the only way is up". Um privilégio.
O resto é história.
4 comentários:
p'ro ano não falto. a sério.
♡
Quero ver isso! :))
quem vai quer voltar. barcelos n é barcelona, mas alguma vez quis ser? ó velhinho, barcelos é barcelos e mai nada! gente com raça! dos ares poluidos do cavado às francesinhas com look de cachorro, movimento surrealista e desaires dos artistas das cabras! haja rock e verde tinto! barcelos nao deixa d surpreender
ò Duda, vai mas é tratar do som da tUnE-yArDs como deve ser e larga dopping.
:)
e não te esqueças de carimbar o meu 7".
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