9.11.06
Foi bonita a festa pá
Passados quase 20 anos, volto ao Coliseu do Porto para assistir a um espectáculo do Chico Buarque.
Tenho na memória (cada vez mais selectiva) os óptimos concertos que deu nessa altura. Fui a todos.
A ajudar à festa, tive ainda a sorte de – num restaurante de amigos - almoçar durante 3 dias na mesa ao lado do homem, o que deu para ir trocando uns galhardetes. Ele cravou-me as fotos que fiz dos concertos, eu saquei-lhe meia dúzia de autógrafos.
Quando cá voltou passado uns anos, eu, para não borrar a pintura, decidi não ir.
Claro que rapidamente me arrependi e claro que não me serviu de nada. Os bilhetes, esgotadíssimos, eram mais disputados que cigarros numa prisão turca. Por isso desta vez, só me faltou ir buscá-los á gráfica onde foram impressos.
O concerto em causa, estava ganho à partida pelo simples facto de existir. Como é sabido, é quase tão difícil apanhá-lo em tournée como ao Benfica ganhar um campeonato. A sua timidez e o seu perfeccionismo tornam-no avesso aos palcos. E embora hoje em dia, ao que parece, já não precise de emborcar meia dúzia de whiskies antes de enfrentar a multidão, continua a ter uma postura bastante contida, limita-se ao essencial, ou seja...vai ao grão. Paradoxalmente tudo isso joga a seu favor. A sua presença tem magnetismo, cria empatia, põe-nos in the mood, para o que quer que venha a seguir. E o que veio, foram quase duas horas a destilar a classe de quem não sabe ser outra coisa que não genial. É certo que ser o responsável por uma boa quota de clássicos da música brasileira ajuda um bocadinho. E o facto ter acabado de editar um dos melhores albums da sua carreira, tambem não prejudica nada.
Ainda assim, o homem diz não entender o que leva o público a esgotar várias salas, em nove espectáculos seguidos. Acha que é mais para “ver antes que acabe” do que qualquer outra coisa. Nem lhe passa pela cabeça que é pela fome. Que nos fez e irá, novamente, fazer passar.
Por isso, toca a encher o bandulho.
(Z)
2 comentários:
Como é que sabes que os cigarros são concorridos nas prisões turcas...?
Desculpa lá. Quando me contaste as tuas "pillow talks" com aquele senhor sebento, estabelecido na Praça Filipa de Lencastre, com quem mantens uma relação de....humm...proximidade, não sabia que era para guardar segredo.
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