17.4.08

The Kills, CDM - 12/04/08


Uma das partes deste blog já tinha visto os Kills, mas insiste na ideia de que nunca tinha realmente visto os Kills.
Uma coisa é certa, o duo Mosshart (eh, eh,) e Hince, embora já sem a química de outros tempos, continua apaixonado pelo rock noir minimalista a que sempre nos habituou. Já o sabíamos pelo “Midnight Boom", mas levar uma injecção, ao vivo e a cores, desse rock dissecante que vai directo ao nervo, é outra coisa! - e, afinal, aparato e substância nem sempre são conceitos antagónicos.
Bastaram os primeiros acordes de U.R.A Fever, para percebermos que, por trás do visual andrajoso-chic, está uma poderosa carga voltaica completamente arrebatadora.
Por entre guitarras afiadas como lâminas, mics repartidos e batidas rebeldes, a dupla favorita das publicações mais trendy, mostrou que não estão cá para lirismos filosóficos, para melodias bonitinhas ou para serem simpáticos - por vezes, parecem mesmo ignorar por completo que há mais alguém na sala além deles.
Os riffs sujos e corrosivos de James Hince - que parece estar, ele próprio, ligado à corrente -, são a banda sonora ideal para Alison transformar o palco na sua catwalk privada, movimentando-se em círculos cerrados como um felino enjaulado, apropriando-se dos trejeitos andróginos de Steven Tyler, ou colando-se ao microfone frente a Hince num sugestivo tête-a-tête, não se limitando a cantar as palavras, mas agindo sobre elas, a fazer-nos acreditar que lhe saem das entranhas.
Logicamente, "Midnight Boom" foi o centro das atenções, ocupando metade do alinhamento, com temas como "M.E.X.I.C.O.C.U.", "Tape Song", "Alphabet Pony", "Last Day Of Magic", "What New York Used To Be" e "Cheap And Cheerful" a serem atacados de forma surpreendentemente segura, atendendo à sua pouca rodagem. Como seria de esperar, os dois álbuns anteriores forneceram o resto dos temas indispensáveis para assegurar o ritmo electrizante do concerto (de "Keep On Your Mean Side" vieram "Pull a U", "Wait", "Kissy Kissy" e "Fried My Little Brains"; do "No Wow", o "No Wow" e "The Good Ones").
Após um leve abrandamento para o velvetiano "Goodnight Bad Morning", o encore foi preenchido com "Love Is A Deserter" e uma visita ao "Black Rooster EP" com James Hince a esganar a guitarra com uma garrafa de cerveja ao som de "Dropout Boogie" - só faltou "Cat Claw" para o best of ficar completo.
No fim de contas, foi um belíssimo elogio à desordem, ao não há finais felizes..., mas sobram outras paixões.

Na primeira parte, os Whip, com o seu electro-chapa-quatro em semi-playback, deixaram claro que assim nunca irão passar da segunda divisão. Eles bem se esforçam, e a moça, que faz karaoke de bateria por cima das batidas, até puxa à aeróbica, mas os dois ou três temas mais dançáveis e cantaroláveis, não chegam para manter a coisa interessante durante muito tempo.

Kills - "The Good Ones"


Kills - "Pull A U"


Kills - "Cheap And Cheerful"


The Whip - "Sister Siam"


(Z&C)

11 comentários:

Menina Limão disse...

Mosshart! LOL!

Coitada. Fiquei com a certeza de que já estiveram juntos, numa relação amorosa. Houve vários momentos bonitos entre eles que me levaram a pensá-lo. Não foi só coolness e uma enorme tensão sexual, que já sabia existir.

Também para mim este não foi mas foi o primeiro concerto deles. Vi-os em Paredes de Coura, mas na altura não os conhecia e o som estava tão mau tão mau que eu nem saí de lá a considerá-los audíveis, quanto mais bons. Passei o tempo com as mãos nos ouvidos. Quando ouvi o álbum...bem, nem queria acreditar no que tinha perdido. Se bem que ainda não foi desta que os vi em boas condições, o técnico de som estava a passar-se! não se ouviam as guitarras...a primeira música então foi um desastre, um turn off autêntico.

Gostei muito do vosso texto. Confesso que estava à espera que o publicassem para publicar o meu, não pelo texto, mas pelos vídeos. Vou usar um dos vossos, são os melhores (raio de boa localização a vossa).

João Bizarro disse...

Deve ter sido grandioso.

Um pequeno reparo, há ai 2 musicas com o títulos trocados (Pull A U e Cheap And Cheerful).

Abraço.

Hug The DJ disse...

m.limão :)
é uma espécie de novela que ainda só vai a meio ...
o concerto de Paredes C. não vi, mas o da Zambujeira foi bem porreiro.
quanto aos vídeos, força aí, usa e abusa!

Bizarro ;)
há sim senhor, obrigados pelo reparo.

hugs

oaktree disse...

Ainda me estou para aqui a rir com o comentário aos Whip! "Electro-chapa-quatro", foi isso exactamente que eu e o meu rapaz comentámos no final do concerto, embora eu dissesse "chapa-cinco" e ele "chapa-quatro", porque a minha teoria é que o 5 é pior que o 4, como em 4ª categoria, 5ª categoria... Enfim, dá para perceber a ideia.
É o que costumam dizer: great minds think alike. ;)

E sobre os Kills já falámos. :)

***

Hug The DJ disse...

:D

os miúdos, de facto, não primam pela originalidade... e, a continuarem com estes ritmos espasmódicos e monótonos, não lhes auguro grande futuro.

C:)

rita maria josefina disse...

na minha opinião são outro daqueles hypes inexplicáveis...
:)
os Whip claro está!

Hug The DJ disse...

yep...

falemos de coisas mais interessantes, há novidades na Underground Productions?
tu vai dando notícias!

xx

C;)

rita maria josefina disse...

podes crer que vou :)
como não tenho o vosso mail, e penso que o Kraak tb não, não posso enviar os belos dos mails chatos :) mas... venho aqui pessoalmente dar umas injecções de promoção ahaha

Hug The DJ disse...

faz isso! ;)

(ei, desculpa... Undergrave P., assim é que é!)

Unknown disse...

Haha! Hugs, quando dão o prazer da v/ presença num concerto da Undergrave?

Hugzzz

Hug The DJ disse...

estamos à espera de novo convite!

(e que tal tramarem um mais a norte?)

C:)