22.2.08
The Raveonettes - Theatro Circo 19/02/08
Se quisessem, neste momento os The Raveonettes poderiam ser a melhor banda tributo aos Jesus & Mary Chain à face da terra. A parede de distorção sonora em eco, as potentes batidas minimalistas, as harmonias vocais repescadas da pop bubblegum dos 60‘s, o omnipresente fantasma dos Velvet Underground, está tudo lá, coberto por uma dose suplementar de surf-music, de quem parece estar muito atento ao fenómeno Panda Bear.
Até no look de Sune Wagner, parecemos vislumbrar um Jim Reid circa 1985. Só lhe faltam os óculos escuros e tocar de costas voltadas para o público para o quadro ficar perfeito.
Tudo isto à custa, principalmente, do último álbum da banda, o novíssimo "Lust Lust Lust", um pastiche /homenagem a "Psychocandy" ("You Want The Candy" parece copiado a régua e esquadro), que acaba por cair que nem ginjas no espírito revivalista actual. E , claro, foi este o motivo que trouxe The Raveonettes a Braga para um curtíssimo concerto, que mais não deve ter sido do que um teste para os festivais de Verão que se aproximam, o que, esperemos, se revele o terreno ideal para tornar tudo menos frio e asséptico, tanto da parte da banda, como da maioria do público, ultrapassando a timidez deste primeiro encontro.
Longe vão os tempos do garage rock de "Whip It On", embora "Beat City" não tenha ficado esquecido na mente de todos os que se deslocaram ao Theatro Circo, e que, em constantes pedidos, parecem ter feito orelhas moucas ao anúncio no início do espectáculo de que Sune Wagner não iria cantar devido a problemas nas cordas vocais, ficando a voz apenas a cargo de Sharin Foo. Não que isso tenha causado grandes problemas, o tratamento noise-rock dado a todos os temas serviu como fio condutor disfarçando quase tudo ("Love In A Trashcan" até ficou a ganhar com isso, e nem mesmo "French Disko", dos Stereolab, lhe escapou). Só não disfarçou a falta de entrega e empatia suficientes para criar um concerto inesquecível.
Não chegou a desiludir, mas acabou por saber a pouco. Fica para a próxima.
+ | +
(Z)
2 comentários:
muito curto mas intenso. no fundo concordo que não chega a ser inesquecível. pareciam pouco à vontade. gostei do teu texto. eu fui uma das pessoas que, mortinhas por explodir, pediram a Beat City. :)
pede-se 2ª volta ;)
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