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Na primeira visita ao nosso país - por sua vez, integrada na sua primeira digressão europeia -, David Dondero conseguiu o feito louvável de transformar uma noite que se adivinhava penosamente embaraçante, num concerto a todos os níveis surpreendente, demonstrando que a qualidade das suas canções se impõe com a maior das facilidades, independentemente do número de pessoas presentes na plateia.
Dondero, impressiona tanto pelo domínio do fingerpicking na guitarra, como pela voz segura e bem colocada - próxima do "discípulo" Corner Orbst - mas é, acima de tudo, um excelente contador de histórias.
Ser um trovador errante num país como a América permite-lhe ir coleccionando pequenos argumentos que ganham vida, de forma imediata, na nossa imaginação. Histórias reais sobre o lado B da vida, recheadas de personagens que parecem saídas de um filme de Abel Ferrara - a namorada prostituta, toxicodependente e cleptomaníaca; o amigo de faculdade preso por tráfico de droga; strippers com crises de nostalgia – sem falsos moralismos ou juízos de valor. A vida como ela é, contada em toada alt-country com um forte travo a blues.
(Z)
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