1.2.07

Dead Combo-2 Howe Gelb-1








Dead Combo e Howe Gelb partilharam ontem em Braga (no Theatro Circo) um universo blues-rock-fado-vaudevilliano em ambiente low profile, num casting acertado, que só pecou pela ordem de subida ao palco.
Os Dead Combo foram iguais a si mesmos (o que neste caso é bom), dando mais um show que poderia funcionar na perfeição como banda sonora para um qualquer filme de série B (alguém chame a atenção de Tarantino para estes senhores). Imagético e envolvente, o espectáculo enquadrou-se bem no espaço em que decorreu. O mesmo já não se pode dizer de Howe Gelb, que embora tenha um reportório bem mais rico, deixou transparecer, no seu "one man show", alguma insegurança no domínio dos instrumentos que ia alternando de forma irrequieta e aparentemente improvisada. As canções estavam lá, mas faltou uma banda (como no excelente concerto dos Giant Sand na CDM) para cobrir algumas "fífias" e pôr um bocado de ordem no alinhamento das músicas que andaram muito "à vontade do freguês".
O concerto, mais parece ter sido concebido para uma estação de metro do que para um espaço desta dimensão, criando frequentemente alguns silêncios desconfortáveis, só quebrados por um óptimo sentido de humor* e por uns breves desvios pianísticos que incluíram aproximações a Frank Sinatra e Nina Simone.
Ainda assim, a coisa lá foi aquecendo à medida que avançava, terminando num jocoso e inesperado mashup de Johnny Cash vs Beatles. Confesso que depois de o homem ter feito o melhor álbum da sua carreira a solo e um dos melhores de 2006, esperava algo mais e esse "mais" pelos vistos aconteceu quando fez em Lisboa a primeira parte dos Strokes...

*Frase na noite: "I just turned fifty and I don´t know where I am. I´m looking forward to dementia. It´s like a friend I haven´t met yet."

(Z)

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