28.3.14

Oh, porra! Já me tinha esquecido de como é bom ouvir isto...

Este é um daqueles temas que devia fazer parte de toda a rotina matinal. Logo após o acordar, a seguir a uma boa esfregadela (aos dentes, estou-me a referir aos dentes).

Daughn Gibson - Won't You Climb

27.3.14

Wrecking softball

Um tipo nota que está a ficar velho quando surgem as brancas. E não me estou a referir às capilares mas às mentais, aqueles irritantes apagões no fornecimento energético das sinapses.

Há umas semanas atrás, após o especialíssimo concerto de Damien Jurado em Vigo, a meio de umas merecidas tapas entre amigos, bem regadas com umas estupidamente geladas botellas de Mahon, e a propósito de nada, surgiu a pergunta: "o que é feito daquele norueguês de que gostávamos tanto no início da década passada e que chegamos a ver no Festival Para Gente Sentada (quando era um festival imperdível)? Aquele que cantava a Sleeep On Needles, aquele...como é que se chama, o...o....". Branca colectiva.

Alguém acabou, a custo, por se lembrar do nome do homem -Sondre Lerche - e todos concluímos que a razão do apagão se deveu ao gradual desinteresse pela sua esterilizada americanização e não à quantidade de cervejas entretanto ingeridas.

Fast forward para casa e toca a googlar o moço para espiar as suas recentes actividades musicais. Fui recompensado com (entre outras) esta fantástica surpresa aqui em baixo. O que - tacharam! - me obriga a escrever pela primeira vez neste blogue o nome daquela menina que usa a língua para oferecer exames gratuitos à próstata, sem necessidade de recorrer a anestesia.

Sondre Lerche - "Wrecking Ball" (Miley Cyrus Cover)


Farmácia de serviço via stereogum


Iogurte grego

De olhos postos no verão, aqui fica um agradável piscar de olho (para não lhe chamar pastiche) aos Washed Out na cama com Atlas Sound, incluído em "Evergreen", álbum de estreia da banda ateniense Plastic Flowers.
A flor mais viçosa é a número 3 ("Summertime Pop"). Podem colhê-la aqui em baixo.



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VA - A Psych Tribute to the Doors

As portas da percepção acabam de levar uma camada de verniz psicadélico que não lhes fica nada mal.




Farmácia de serviço

26.3.14

Timber Timbre - Hot Dreams

Então há um novo Timber Timbre e ninguém me dizia nada?



Farmácia de serviço

Vai uma rapidinha?


Se há coisa que ninguém pode acusar Tony Molina é de falta de concisão. Em menos de 15 minutos (12 para ser exacto), consegue despachar um álbum com uma dúzia de petardos power pop, perfeitamente acabados, extremamente viciantes e curtos o suficiente para nos deixar a salivar por mais. O que nos leva a carregar no play repetidas vezes, ultrapassando largamente o tempo dedicado a muitos álbuns que rolam dentro do tempo regulamentar.  Neste caso o tamanho realmente não importa mas sim o que se faz com ele.
"Dississed And Dismissed" teve a sua primeira (e esgotadíssima) edição em cassete antes de ser recuperado para uma meritória prensagem em vinil, devido ao enorme culto que entretanto gerou. Pelo meio surgiu ainda um EP de seis temas, esclarecedoramente intitulado "Six Tracks EP" de onde consta a fantástica "Breakin' Up" (ouvir em baixo), que parece emular um Albert Hammond, Jr. possuído pelo fantasma do Phil Lynott em euforia descontrolada.
E aguarda-se novo álbum para breve....

Agora toca a garimpar o maior número de rodelas de vinil que possam encontrar, que este moço, como se diz na terra dele, "It's a keeper!"





Farmácia de serviço

23.3.14

À flor da pele


"Some Were Meant For Sea" (2011), o excelente álbum de estreia da neo-zelandesa Hollie Fullbrook (Tiny Ruins) destacou-a claramente da vaga genérica de cantautoras folk de teor intimista em modo copy/paste, que nos últimos anos parecem brotar como sensaborões cogumelos de estufa.
No ano passado seguiu-se-lhe "Haunts", míni álbum gravado anteriormente ao longa duração mas igualmente surpreendente, principalmente se atendermos ao facto de os verdes anos da autora à altura da gravação não exercerem qualquer limitação às suas capacidades melódicas e poéticas.
Agora surge finalmente "Brightly Painted One" o aguardado segundo álbum e a confirmação absoluta de que tudo não passou de um amor passageiro, mas um caso sério de maturidade artística e um valor seguro, com um futuro brilhante.




Farmácia de serviço 1 | 2

Filho da Mãe | Auditório de Espinho | 21.03.2014

Filho da Mãe (nome de guerra do guitarrista Rui Carvalho) é dono de um virtuosismo tempestuoso, que em palco se traduz numa energia tensa, com arremessos de beleza e força bruta em doses imprevisíveis, tratando a guitarra como um Norberto Lobo bipolar, torturando-a até ao limite, obrigando-a soltar sons de uma criatividade quase esquizofrénica, da qual é impossível desviar os olhos e os ouvidos. Se há concertos em que a presença física é insubstituível por qualquer captação de vídeo ou áudio, ou por qualquer relato entusiasmado, este é um deles. O único problema, para aqueles que se entretêm em dedilhar umas coisitas mal-amanhadas, é depois chegar a casa e reprimir a vontade de partir a guitarra em mil pedaços, perante as óbvias limitações. Ou não...

13.3.14

Posse - Soft Opening


São raros os temas que, passados os segundos iniciais da primeira audição, nos transportam para um lugar familiar a que musicalmente chamamos casa e nos fazem pensar como é realmente linda a puta da vida, quando embriagada pela canção pop perfeita.

Soft Opening, álbum de estreia dos Posse, duo formado por Paul Wittmann-Todd e Sacha Maxim (que segundo consta, se conheceram num bar lésbico), tem doses generosas de Real Estate, Sonic Youth e Pavement a correr-lhe nas veias, sem que isso o impeça de ter uma personalidade muito própria, vincada pela simplicidade e deslumbramento do que deve ser o indie rock no seu estado mais puro. 
Um tentador investimento a longo prazo.



Hundred Waters


Quem delirou com as geniais piruetas melódicas contidas no album homónimo deste fabuloso quinteto da Florida, capazes de levar ao êxtase sonoro o mais sisudo dos duros de ouvido, tem agora motivos para salivar compulsivamente em antecipação pela chegado no novo LP, com saída prevista para 27 de Maio. A avaliar pelas amostras entretanto disponibilizadas, vai ser mais uma para a lista de rodelas em movimento perpétuo.



)

Tame Impala - Stranger In Moscow

Este verão promete (musicalmente, pelo menos). Bom demais.

11.3.14



Diz o ditado que não se deve julgar um livro pela capa. Presumo que por essa lógica, não se possa julgar um álbum pelo single. Que se lixe. "Holy City", o 7" que antecede "The Classic", o novíssimo LP de Joan As Police Woman, tem tudo para superar as expectativas ligeiramente defraudadas com o anterior trabalho da canadiana, transportando uma alegria contagiante através de um ritmo electrizante, uma festiva secção de metais cirurgicamente colocada e um refrão portentoso que se cola aos ouvidos como super cola 3.

)

Em caso de dúvida, basta ouvir a fantástica "Get Direct" uma pequena maravilha soul que cresce a cada audição com o seu ritmo dengoso, o arrepiante crescendo de cordas sublinhado por um aveludado piano eléctrico e o falsete extra sexy a evocar "Sexual Healing", do saudoso Marvin Gaye.
Stuck on repeat.

Farmácia de serviço

6.3.14

uhhhhh.... you got what I need....

Já por aqui havia chamado a atenção para uma divertida versão da involuntariamente hilariante "Just A Friend" do one hit wonder Biz Markie, um daqueles impagáveis cromos do hip hop que surgiam nos anos 80 numa cadência vertiginosa. A música teve um segundo fôlego com a sua inclusão na banda sonora do filme "A good Old Fashioned Orgy" (2011), realizado e interpretado pelo cool as fuck Jason Sudeikis.

Mas esta vestimenta recentemente criada por David Byrne (num evento relacionado com a questão da inexistência de royalties para os interpretes não autores nas emissões de rádio terrestres) é outra coisa!

5.3.14

Lost Cash


Se as palavras lost album, Johnny Cash e Elvis Costello não forem motivo suficiente para afiarem as garras de contentamento à procura da presa, é porque há algo de errado convosco.

A presa neste caso é "Out Among The Stars", um "álbum perdido" de Johnny Cash, composto por doze inéditos, com lançamento previsto para o final do mês. O primeiro single, misturado por Elvis Costello e com direito a uma apetecível edição em sete polegadas (mnham!), é o tema "She Used To Love Me A Lot",  uma daquelas cheesy love songs típicas da country music não alternativa, que se acompanha com um sorriso trocista e um trago de whiskey.

Esta é a boa notícia. A menos boa é que as doze canções reportam-se ao período menos recomendável do venerável senhor, o início da década de 80, o que pode fazer com que tudo não passe de uma bela oportunidade para continuar a mungir esta rentável...cash cow.

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My Sharon(a)


Óh mundo cruel! Porque é que Primavera Sound de Barcelona é tãaao egoísta?
O novo álbum de Sharon Van Etten, "We Are There", sai a 27 de Maio, o que significa que os lucky bastards que se deslocarem a Barcelona dia 5 desse mês, vão poder ouvi-lo ao vivo em primeira mão, enquanto nós, mais uma vez, ficamos a chuchar no dedo. Tá mal.

3.3.14

Lorde Springsteen

The old boss tem andado por terras de down under a divertir-se à brava com os nativos, surpreendendo-os com inesperadas (e por vezes inspiradas) covers de temas cujo êxito ultrapassou em larga escala o sucesso local.
Podem vê-lo no vídeo que se segue - captado na Nova Zelândia - a pegar em Royals (Lorde) e a transformá-la num épico a la Bruce, que poderia muito bem ter feito parte das sobras de Nebraska.

Presumivelmente, ter-lhe-á tomado o gosto com as brincadeiras iniciadas no programa de Jimmy Fallon, onde é visível o gozo com que se dedica à auto paródia (ver em baixo).





Mais aqui, aqui, aquiaqui.

2.3.14

Qual é o teu Resnais favorito?

Alain Resnais, um dos mais geniais e negligenciados realizadores franceses, faleceu ontem aos 91 anos em Paris. Provavelmente tarde demais para as homenagens de última hora enfiadas nos discursos dos Óscares, logo à noite. O melhor será mesmo verem antes o Resnais das vossas vidas.