29.3.08

Portishead, Coliseu do Porto, 26-03-08


Não, não foi tão bom como aquela mítica noite de hipnotismo em massa na Zambujeira, mas, ainda assim, superou todas as expectativas.
Após dez anos, é bom tê-los de volta e em boa forma.
A culpa, é em grande parte do novo "Third", herdeiro legítimo de "Dummy" e do álbum homónimo, um herdeiro ainda pequeno para o qual começamos por olhar com alguma desconfiança, mas que vai crescendo de forma acelerada, decidido a ocupar a medalha de bronze na trilogia perfeita.
O primeiro concerto de uma tournée tão mediática como esta, é sempre um pau de dois bicos, quer para a banda quer para o público, e a inquietação de poder dizer -"Eu estive lá!", é muitas vezes seguida por um amaldiçoado -"Infelizmente... ".
Não foi o caso. Aos primeiros sounds of "Silence", tema que abre o novo disco (e, como seria de prever, o concerto) com o bem esgalhado "Esteja alerta para a regra dos três", toda a tensão que pairava na sala se diluiu numa prazenteira sensação de familariedade de quem reencontra velhos amigos.
Mantendo o alinhamento de "Third", seguiu-se "Hunter" o mais vintage dos novos temas, e aquele que melhor faz a ligação directa ao passado, preparando acertivamente o terreno para "Mysterons" e a respectiva reacção de histerismo colectivo, tudo enquadrado num sóbrio cenário em formato panorâmico, tripartido com imagens trabalhadas in loco, sob um discreto jogo de luzes. A partir daí estava dado o mote, doseando na medida exacta a descoberta do novo, com o conforto do "velho". Assim se seguiram o Kraftverkiano "The Rip", os catárticos "Glory Box" e "Numb" (que ultrapassou incólume o feedbeck inicial), "Magic Doors", "Wandering Star" (numa espectacular versão ainda mais intimista) e o single de batida militarista "Machine Gun", com nova aproximação ao kraut-rock.
À medida que se aproximava o indesejado final, tivemos direito a uma aposta tripla - ganha à partida - pouco própria para cardíacos : "Over", "Sour Times" e "Only You", logo seguidas de "Nylon Smile" (com o paradoxal carimbo de "novo clássico") e "Cowboys". Foi a altura da despedida e o retorno da praxe, com o menos conseguido dos novos temas, "Threads" (embora aquela guitarra no final seja viciante), num contraste que fez brilhar ainda mais "Roads", o momento mais planante do concerto e o que mais próximo esteve daquela afamada noite de 98. O remate final foi dado com "We Carry On", que serviu gloriosamente de descompressor na aterragem.
Por esta altura, já Beth tomava um banho de multidão. Por pouco não emergia.

"Silence"

"Roads"


(Z&C)

5 comentários:

dj duck disse...

Foi um bom concerto!Estão perdoados pelos dez anos de espera.
Abraços e Beijinhos
dj duck

Fio de Beque disse...

roi-te de inveja magoonífico...

Menina Limão disse...

espreitei os vossos vídeos no youtube e o que me intrigou foi o facto de cada um deles parecer ter sido feito de uma localização diferente na sala. não houve mosh, pois não? :p é que parecem ter sido vítimas de um arrastão.

Hug The DJ disse...

dj duck ;)
foi muito bom! nunca pensei que 10 anos depois me pudessem surpreender tanto (pela positiva)... o disco é fabuloso e ao vivo ainda cresceu um bocadinho mais!

magoonífico :D
eles no dia seguinte iam para a terra do OLÉ!

menina limão ;)
foi um desassossego!
mas mosh, só o das lagrimazitas dos mais emocionados...

hugs

C:)

Fio de Beque disse...

O problema é que o OLÉ nao passa por Compostela... :(